O primeiro LIVRO a gente nunca esquece...
folheamos e que se abrem em V.
Foi meu presente de Natal. Tinha sete anos e estava
concluindo a primeira série. Meu pai retornava a nossa
casa, desempregado. Era o presente que conseguia
comprar. Nunca mais esqueci.
Uma caixinha amarela com um título: “1001 histórias”.
Abria como um envelope, e, dentro, muitas folhas
brancas, impressas dos dois lados. Eram grossas como
fichas. Sempre iniciavam com a indicação do CAPÍTULO,
indo do Capiítulo I ao Capítulo X; mas, havia dez
capítulos de cada um: dez capítulos I, dez capítulos II e,
assim, sucessivamente. O Capítulo I sempre iniciava
com “Era uma vez...” e o Capítulo X, finalizava sempre
com ... “E foram felizes para sempre”.
Assim, podia combinar cada folha - ou capítulo - como
quisesse, sempre seguindo a seqüência dos capítulos de
um a dez, e surgia uma nova história. Não era uma
grande literatura. Eram enredos simples inspirados nas
clássicas histórias de princesas, príncipes e castelos.
Mas, me fascinava aquele “protagonismo” na criação da
história. E o principal, lia muito para confirmar se
qualquer mistura possibilitava uma seqüência que fazia
sentido. Queria chegar a 1001 histórias. Não sei se
matematicamente chegaria a esse número. Mas não
importava. Guardava aquela caixinha como se
contivesse muitos mistérios e como se, somente eu,
soubesse revelá-los.
Sei, hoje, que foi um presente de enorme significado -
minha iniciação nos prazeres da leitura."
Zoara Failla
Instituto Pró-livro
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